Dividendos foram anunciados por mais de 150 fundos imobiliários e Fiagros, entre eles alguns dos principais do mercado.
Os anúncios de dividendos feitos por mais de 150 fundos imobiliários e Fiagros e o fechamento do IFIX com queda acumulada de 1,36% em julho estão entre os destaques desta sexta-feira (1), abertura do mês de agosto.
O mercado de fundos imobiliários deve enfrentar três desafios nas próximas semanas. Além de continuar encarando o patamar mais alto da Selic nos últimos 19 anos e o temor dos investidores por um impacto grave do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos à economia brasileira, os agentes voltam a encarar o risco de taxação dos dividendos.
O tema está abordado na Medida Provisória 1.363, que prevê a tributação de 5% na fonte sobre os proventos de FIIs e Fiagros. O texto deve começar a ser discutido a partir da semana que vem pelo Congresso Nacional e precisa ser votado até meados de outubro para não “caducar”, como se diz no linguajar político sobre MPs que perdem a validade e não são votadas no prazo de 120 dias.
Após uma reação inicial foi bastante negativa, inclusive entre deputados e senadores da base governista, é possível que a MP seja bastante modificada até ser enviada à votação final. Já a Selic pode impactar diretamente no desempenho de FIIs e no setor imobiliário como um todo, até mesmo os fundos de recebíveis, em tese favorecidos pelos juros mais altos.
“A manutenção da Selic em 15% reforça um ambiente de forte restrição no crédito e alto custo de capital, trazendo impactos significativos para diferentes setores. No mercado imobiliário, novas emissões de CRIs enfrentam forte pressão, porque o custo de captação encarece, exigindo que as margens dos projetos sejam ajustadas para absorver a maior taxa de desconto exigida pelos investidores”, explica Renato Barison, CEO da BIMS Capital.
Nesta quinta-feira (31), o IFIX reverteu a tendência de queda do começo da semana e subiu 0,67%, fechando o mês de julho em 3.436,38 pontos. O avanço, porém, foi insuficiente para recuperar totalmente o principal índice do mercado de FIIs, que caiu 1,36% no acumulado do mês — o primeiro fechamento mensal no vermelho desde janeiro, após cinco meses seguidos de resultados positivos.
Essa movimentação positiva foi puxada principalmente pela distribuição de dividendos e pela Data Com de mais de 150 FIIs. Eles usaram o encerramento do último pregão do mês para fechar a lista de beneficiários dos proventos que serão distribuídos nas próximas semanas.
Confira as principais notícias dos fundos imobiliários.
MXRF11 mantém dividendos em R$ 0,10 e fecha na máxima do mês
O fundo imobiliário MXRF11, dono da maior base de cotistas do mercado, com mais de 1,3 milhão de investidores, anunciou mais uma vez o pagamento de R$ 0,10 por cota em dividendos. A data de pagamento foi marcada para 14 de agosto.
Com base na cotação de fechamento do fundo nesta quinta, de R$ 9,60, a máxima do mês e o segundo maior valor de mercado do ano, se observa um dividend yield mensal de 1,04%. Em junho, os dividendos do MXRF11 foram equivalentes a 102,89% do CDI líquido. Considerando a aplicação do gross-up de 15%, o rendimento bruto atinge 121,05% do CDI.
A composição atual da carteira do MXRF11 mostra uma concentração relevante em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que respondem por 80,1% do patrimônio líquido. Esse patrimônio está avaliado em R$ 4,148 bilhões, ou R$ 9,48 por cota.
KNCR11 divulga maior distribuição dos últimos 27 meses, a R$ 1,35 por cota
O fundo imobiliário KNCR11 comunicou ao mercado que distribuirá R$ 1,35 por cota em dividendos no próximo dia 13 de agosto. É o maior valor mensal pago pelo FII nos últimos 27 meses.
Com o valor da cota sendo negociado a R$ 104,99 no fechamento do pregão de ontem, o rendimento corresponde a um dividend yield mensal de 1,29%. No relatório mais recente, referente ao mês de junho de 2025, o KNCR11 mostrou um lucro líquido de R$ 92,3 milhões.
Segundo a gestão na época, a performance positiva no período foi impulsionada, entre outros fatores, pelo nível elevado da taxa Selic, que teve um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom ocorrida na segunda quinzena de junho, alcançando o patamar de 15% ao ano.
HGRU11 amplia pagamento regular em relação a maio, para R$ 0,90 por cota
O fundo imobiliário HGRU11 anunciou dividendos de R$ 0,95 por cota, com pagamento em 14 de agosto de 2025. Embora inferior ao último pagamento, de R$ 1,55 por cota, que foi resultado de uma distribuição extraordinária pelo fim do semestre, o valor representa um aumento frente ao patamar recorrente do HGRU11 no primeiro semestre, de R$ 0,90.
Com base na cotação de fechamento de julho, que foi de R$ 124,00, os dividendos do HGRU11 equivalem a um retorno mensal de 0,766%. A média de distribuição mensal nos últimos dois anos foi de R$ 0,9225 por cota, o que indica que o rendimento atual está ligeiramente acima desse resultado.
O HGRU11 possui um patrimônio líquido de R$ 2,968 bilhões, equivalente a R$ 127,75 por cota. No entanto, o valor de mercado está em R$ 2,879 bilhões, mostrando um “desconto” de aproximadamente 3% em relação ao valor patrimonial.
KNCA11 amplia dividendos em 13% e AAZQ11 aumenta patamar regular
O KNCA11, um dos maiores Fiagros do mercado, ampliou sua distribuição de dividendos em 13,64%, na comparação com o mês passado. O valor subiu de R$ 1,10 para R$ 1,25 por cota, de acordo com o anúncio realizado após o último pregão de julho.
O pagamento do KNCA11 será realizado no dia 14 de agosto. O dividend yield mensal é de 1,33% na comparação com o preço de fechamento do Fiagro, de R$ 93,68.
O AAZQ11, que tem gestão da AZ Quest, anunciou o pagamento de dividendos de R$ 0,10 por cota, acima da distribuição regular de R$ 0,095 mensais que foi realizada durante o primeiro semestre. No mês passado, o fundo pagou R$ 0,13 por cota, mas o valor incluiu um pagamento extraordinário devido à regra que determina a distribuição de no mínimo 95% do lucro do semestre aos investidores.
